E como ela inspirou o conto A Noiva do Corvo, de S. P. Rezena
No Sul de Santa Catarina, algumas histórias não se transmitem apenas pela fala. Elas sobrevivem pela memória. Entre Urubici e Grão-Pará, a Serra do Corvo Branco guarda uma das subidas mais emblemáticas do estado e também uma das lendas mais antigas da região: a mulher de branco que aparece na estrada durante a noite.
Moradores e caminhoneiros contam que ela era uma noiva que morreu antes de chegar ao casamento, vítima de um acidente na década de 1970. Desde então, em noites de neblina densa, motoristas relatam ver a figura de uma mulher pálida, vestida de branco, surgindo na beira da pista. Há quem diga que ela pede carona. Há quem afirme que aparece dentro do veículo sem abrir portas. Há quem jure que o rádio sempre chia momentos antes.
Eu cresci em São Ludgero ouvindo essa história da boca do meu avô. Ele descrevia o vestido sujo de barro, o silêncio estranho que tomava a cabine do caminhão e o frio que subia pelas mãos no volante. Para mim, a lenda nunca pareceu inventada. Ela fazia parte da paisagem da serra, do mesmo jeito que o penhasco, a neblina e o vento cortante.Essa memória se transformou no conto A Noiva do Corvo, minha releitura literária da história que marcou minha infância. O texto foi selecionado para a antologia Terra Assombrada: Brasil, organizada pela Medusa Editorial e pela Sociedade Podcast, um projeto que reúne lendas brasileiras reinterpretadas em narrativas de terror contemporâneo.
Quem quiser ler a história completa já pode adquirir a antologia diretamente no site da editora:
www.medusaeditorial.com
A serra guarda memórias.
E algumas delas continuam chamando quem passa por suas curvas.

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